Rebirth of Shadows Tour, cientificamente falando — França

Gracielle Higino
4 min readSep 22, 2018

Seguindo a Rebirth of Humboldt Tour, chegamos à França! Humboldt adorava Paris. Era lá que as coisas aconteciam, que a ciência dava passos largos, que as pessoas discutiam sobre todo tipo de assunto. A Revolução Francesa inspirou o jovem Humboldt e determinou suas relações políticas na América. Ele conheceu Paris aos 21 anos, e quando retornou da América do Sul fixou moradia lá por vinte anos, em uma França bem diferente. Ele e Napoleão não se davam muito bem, mas um reconhecia a importância do outro.

Humboldt certamente adoraria conhecer a Torre Eiffel. Imagino que ele subiria lá todos os dias antes mesmo do café da manhã. Isso porque Humboldt era um pouco, digamos, viciado em medir coisas, e o que salvou a Torre de ser desmontada 20 anos depois da sua inauguração foi a instalação de instrumentos de medição sofisticados no terceiro andar dela. Gustave Eiffel demonstrou no projeto da Torre as inúmeras utilidades dela para a ciência, tecnologia e mesmo para a defesa nacional. A Torre, por exemplo, foi muito importante no avanço de tecnologias de radioemissão.

Gustave, ciente da efervescência científica, filosófica e tecnológica da França, separou um espaço para 72 nomes divididos nas quatro faces da torre no primeiro andar, que fica a 60m do chão. Entre os nomes, estão Laplace, Cuvier, Legendre, Poisson e Gay-Lussac, por exemplo, e muitos outros que representam avanços na geometria, matemática, física, química, biologia, engenharia, agronomia, indústria e muitas outras áreas.

Tour Eiffel et la physique — A Torre Eiffel e a física

A Torre Eiffel é uma ótima ilustração para pensarmos em aumento das dimensões dos materiais devido ao calor (coisa que tem um nome frufruzento de “dilatação térmica”). Afinal, a Torre cresce aproximadamente 4cm com um aumento de temperatura ambiente em 16°C, e já teve um pico de inclinação de 18 centímetros em 1976. Gustave Eiffel já imaginava que isso poderia acontecer e projetou a Torre de modo que ela pudesse oscilar em até 70 centímetros. Por que isso acontece?

Cada tipo de material tem uma energia interna que o identifica, que é (entre outras coisas) aquela causada pelo “movimento” ou pela “capacidade de movimento” das partículas que constituem esse material, e uma capacidade de absorver energia sem aumentar sua temperatura (capacidade térmica). Quando a temperatura do material aumenta, as partículas se agitam muito mais, porque estão com muita energia, e isso leva à expansão das dimensões do objeto. Já notou como pontes, viadutos ou passarelas têm uns “espacinhos” em suas estruturas? É pelo mesmo motivo! Se não houvessem esses espacinhos, quando a temperatura aumentasse em um dia quente as pontes ficariam tortas ou poderiam rachar.

Um dos shows que assisti da Rebirth of Shadows Tour foi num teatro. Muitas pessoas ficaram em seus lugares, curtindo o show sem movimentar muita energia, e precisamos de menos espaço para todo mundo ficar confortável lá dentro. Infelizmente eu não sou uma pessoa educada assim e inaugurei o movimento de ocupação dos lugares vazios nos corredores e no espaço entre o palco e a primeira fileira de cadeiras, porque eu preciso fazer minhas dancinhas peculiares nesses momentos.

Show em Salvador com pessoas comportadas e organizadas. Quem me achar ganha um doce.
Show em São Paulo, com gente por todos os lados. Quem me achar ganha um doce*.

Em outro show, em uma casa bastante grande que lotou e me fez duvidar das leis da física, éramos partículas com muita, mas MUITA energia! Tanta energia que tinha muita gente do lado de fora. O calor lá dentro era tão grande que o ar quente saía do local também (e eu fiquei fedendo MUITO). As pessoas faziam dancinhas malucas e acabavam ocupando muito espaço (não sei quem fui). Ou seja, acabamos todos ocupando um espaço maior que o espaço do show.

Se fôssemos partículas das barras da Torre Eiffel, certamente teríamos aumentado o tamanho delas, fazendo a Torre ficar mais alta. Rebirth of Shadows Tour Eiffel. 🤦

Sobre museus

Os RoSters (!!!) também foram conhecer o Museu do Louvre. O museu, fundado em 1793, é gigantesco, com mais de 72mil m² e mais de 30mil objetos. Ele ocupa um palácio que abrigava a corte francesa até o rei Luís XIV, que escolheu morar no Palácio de Versalhes. Acompanhei os stories e as fotos nas redes sociais do passeio dos meninos, e não pude evitar o aperto no coração ao pensar no nosso Museu Nacional, incendiado no dia 2 de setembro deste ano. Nosso Museu também já foi palácio real, com um acervo gigantesco, valiosíssimo, que abrigava uma produção de ciência referência no país e no mundo todo. Da mesma forma que o Musée du Louvre encanta, concentra tanto conhecimento, nos coloca em contato com a nossa história como humanidade, o Museu Nacional, mais que história, também abrigava séculos de conhecimento futuro. Nós perdemos nossas referências para identificar milhares, milhões de espécies. Perdemos coisas que a gente nem tinha chegado a conhecer, de fato. Perdemos fósseis que poderiam nos guiar pelo entendimento da vida na Terra. Perdemos o respeito na comunidade científica. Perdemos…

Que nunca mais percamos museu algum.

Próxima parada: Itália!

⚠️ Semana que vem, no dia 26 de setembro, será lançado o novo single do projeto, com clipe e tudo. Não tem a menor condições pra esse coraçãozinho headbanger aqui. ❤

*Dessa vez foi uma pegadinha, porque na hora da foto eu já não estava suportando o calor e tinha ido pro lado de fora tentar sobreviver.
Obrigada Sendy Melissa pela consultoria em Física de novo! ❤

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